domingo, 10 de junho de 2012

Segundo motivo da rosa


"Por mais que te celebre, não me escutas,embora em forma e nácar te assemelhesà concha soante, à musical orelhaque grava o mar nas íntimas volutas.

Deponho-te em cristal, defronte a espelhos,sem eco de cisternas ou de grutas...Ausências e cegueiras absolutasoferece às vespas e às abelhas.

E a quem te adora, ò surda e silenciosa,e cega e bela e interminável rosa,que em tempo e aroma e verso te transmutas!

Sem terra nem estrelas brilhas, presaa meu sonho, insensível à belezaque és e não sabes, porque não me escutas..."

Cecília Meireles