domingo, 30 de outubro de 2011

Relações efêmeras

Derretem
Como as pedras de gelo sob o sol escaldante
Relações efêmeras desmoronam
Como um castelo de cartas
São superficiais
Como as amizades de bar,
Ou facilmente esquecidas
Como o sabor do último beijo
Diante da chegada de uma nova paixão
Esfriam
Como o calor dos corpos enroscados
Sedutoras, ilusórias, perigosas
Como a onda que destrói a escultura de areia
Relações efêmeras
Se desfazem como as bolas de sabão
Relações fluidas, frágeis, fugazes
Secam como as gotas de chuva,
Ao prenúncio de um dia ensolarado
Relações efêmeras chegam de mansinho
E conquistam diariamente
Os corações despedaçados.


Paula Fernanda

                                                                                           

domingo, 23 de outubro de 2011

Intenso

"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."


Pablo Neruda

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Que país é esse?

"Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

No Amazonas, no Araguaia iá, iá,
Na baixada fluminense
Mato grosso, Minas Gerais e no
Nordeste tudo em paz
Na morte o meu descanso, mas o
Sangue anda solto
Manchando os papeis e documentos fieis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

Terceiro mundo, se foi
Piada no exterior
Mas o Brasil vai fica rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos indios num leilão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?"


Legião Urbana

Pensamento do dia

Casei com a solidão. Quero me divorciar, mas não consigo. Eu me acostumei com ela, estou acomodada. Porém, ela me irrita muito. Nosso relacionamento está desgastado. O que eu faço?


Paula Fernanda

domingo, 9 de outubro de 2011

Rejeição

           Sofro de uma doença gravíssima: medo da rejeição. Tenho tanto medo de ouvir “não”, de ser repelida, que não arrisco. Fico paralisada, ocorre uma avalanche de emoções dentro de mim. Frio na barriga (este sintoma até que é gostoso...), solidão, desamparo, batimento cardíaco acelerado, pensamento incessante... Às vezes, eu me sinto como um bebê que levou um tombo e não quer mais andar.
            Feridas não cicatrizadas? Quem sabe? Já ouvi muito “não”, costas se viraram para mim, escutei palavras ríspidas, vi olhares desconfiados, preconceituosos... Ainda estou com o coração enfaixado. Mas até quando?
            Minhas emoções e sentimentos estão em desalinho. Acho que construí um inferninho particular. Pensando bem, talvez não seja um inferninho. Quem sabe não estou começando a ver o paraíso, embora de forma nebulosa? O excesso de sentimentos e emoções aponta que ainda há muita vida dentro de mim querendo transbordar.
            Um dia desses, a minha terapeuta me disse:
“– Paula, é como se você não pudesse ser feliz”.
Essa frase não sai da minha cabeça. Será que eu tenho medo de ser feliz? Ou não quero pagar o preço que a felicidade exige?
Eu quero um abraço apertado, uma paixão arrebatadora; almejo um mundo diferente, com novos pensamentos e cores. Mas me sinto tão cansada... Preciso de forças para lutar. Coragem para ouvir “não”, ignorar os olhares preconceituosos, riscar a palavra “melindre” do meu dicionário.
Onde vou encontrar essa força?


Paula Fernanda