sábado, 13 de setembro de 2014

Mudança

Estou em processo de mudança. Finalmente estou saindo da casa dos meus pais. É aquela fase em que você resolve abrir diversas portas ao mesmo tempo. Abre armários, analisa papéis, CDs, livros. Doa algumas peças de roupa, joga papéis fora, encontra aquela blusa perdida que você amou um dia. Acha aquela carta que você escreveu na adolescência, mas não teve coragem de enviar. Aí você chora e ri ao mesmo tempo. De repende, você se depara com fotos. Algumas te angustiam, pois vem à tona aquela lembrança que você se orgulhou de ter esquecido. Como é bom esquecer... Na verdade, nem sempre é bom esquecer. É gostoso encontrar aquele objeto querido, aquele brinquedo que resgata uma memória engraçada, te transporta a uma infância feliz. E você esquece as falsas amigas, os amores platônicos, perdidos, o beijo amargo, os sonhos que não se realizaram... 
No meio de livros de escola, revistas, canetinhas, cadernos, encontrei três poesias, que escrevi em 1996, no fim da adolescência. Dentre elas, escolhi uma para colocar aqui:


Tudo x Nada 

Eu quero um pouquinho do tudo.
Porque sinto que não tenho nada.
Só um pouquinho?
Me falta carinho.
Não gosto do nada.
Não preciso de tudo.
Só um pouquinho,
Para não ficar com o nada.
Será que eu desperdicei o tudo?
Será que eu só sei lidar com o nada?
Falta coragem para lutar por um pouquinho do tudo.
Mas talvez não saiba começar sem nada.


Ao ler essa poesia, conclui que cresci, amadureci, mas nem tudo mudou em minha vida.