quinta-feira, 30 de junho de 2011

Vazio


Amanheceu!
Levantei da cama com uma sensação de vazio.
Século XXI?
Um buraco no peito, aflição.
Falta muita coisa...
Não sei por onde começar.
Desespero! 
Angústia, inquietação, falta de ar.
Muitas informações, desejos, cobranças.
O tempo passa tão rápido!
Escorre pelas mãos.
Anoiteceu!
Insônia, reflexão.
Falta muita coisa...
Outro amanhecer!
Vazio, uma cratera no coração.

Paula Fernanda

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Gonçalves Dias : O poeta romântico que cultivou a natureza brasileira

Canção do Exílio
Coimbra, 1843

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso Céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite-
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu`inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."

domingo, 26 de junho de 2011

Engessada

Acabei de assistir ao filme “Meia-Noite em Paris”, de Woody Allen. Eu me identifiquei muito com a personagem principal do filme, que neste estava atravessando uma fase de transição. Ela estava se permitindo, buscando os seus sonhos, rompendo com uma vida sem encantos.
Fiquei imaginado, enquanto assistia ao filme, o quanto eu fiquei engessada durante anos. Paralisada mesmo. Não consegui olhar para o lado, para o que o mundo tinha para me oferecer. Fiquei acomodada, incorporei uma personagem e vivi durante anos como se eu fosse algo que eu não sou. Agora, como a personagem principal (Gil) do citado filme, estou passando por uma fase de transição. É doloroso e mágico ao mesmo tempo. Despi o figurino, abandonei uma roupagem comum e viajei rumo ao autoconhecimento.
Como é bom descobrir que, como todos que habitam este planeta, eu tenho mais de um talento. Como é gostosa a sensação de me mexer. Estou descobrindo a minha verdadeira identidade. Estou descobrindo a vida. Isso dói, assusta, mas é fascinante ao mesmo tempo. Estou buscando a felicidade, assim como o “Gil”. É uma libertação. Estou dizendo adeus ao comodismo. E essa escolha incomoda. Mas, e daí?
O meu figurino não cabia mais em mim. A minha verdadeira personalidade queria aparecer a qualquer custo. Ele estava velho, rasgado, puído. Para falar a verdade, nunca me identifiquei com aquele figurino. Eu apenas achava ele bonito, cômodo, tradicional, confortável, chique. Eu queria ser comum. Porém, será que existe alguém comum? Eu sempre quis o caminho mais fácil. Conquistar sempre foi um obstáculo para mim. Agora, chegou o momento da conquista, de ousar, não dá mais para me esconder. Preciso encontrar o meu lugar no mundo, sem perder a ternura, a criança que existe dentro de mim.
Estou começando a me lembrar dos meus sonhos de menina. Viajar, aprender outras línguas, conhecer pessoas interessantes, voar se possível. Durante anos, fiquei agarrada a sonhos que não eram os meus. Tentei me convencer de que eram os meus, mas não eram. Hoje, quais são os meus reais desejos? Não sei, preciso descobrir.

Paula Fernanda - 25/06/11