domingo, 26 de junho de 2011

Engessada

Acabei de assistir ao filme “Meia-Noite em Paris”, de Woody Allen. Eu me identifiquei muito com a personagem principal do filme, que neste estava atravessando uma fase de transição. Ela estava se permitindo, buscando os seus sonhos, rompendo com uma vida sem encantos.
Fiquei imaginado, enquanto assistia ao filme, o quanto eu fiquei engessada durante anos. Paralisada mesmo. Não consegui olhar para o lado, para o que o mundo tinha para me oferecer. Fiquei acomodada, incorporei uma personagem e vivi durante anos como se eu fosse algo que eu não sou. Agora, como a personagem principal (Gil) do citado filme, estou passando por uma fase de transição. É doloroso e mágico ao mesmo tempo. Despi o figurino, abandonei uma roupagem comum e viajei rumo ao autoconhecimento.
Como é bom descobrir que, como todos que habitam este planeta, eu tenho mais de um talento. Como é gostosa a sensação de me mexer. Estou descobrindo a minha verdadeira identidade. Estou descobrindo a vida. Isso dói, assusta, mas é fascinante ao mesmo tempo. Estou buscando a felicidade, assim como o “Gil”. É uma libertação. Estou dizendo adeus ao comodismo. E essa escolha incomoda. Mas, e daí?
O meu figurino não cabia mais em mim. A minha verdadeira personalidade queria aparecer a qualquer custo. Ele estava velho, rasgado, puído. Para falar a verdade, nunca me identifiquei com aquele figurino. Eu apenas achava ele bonito, cômodo, tradicional, confortável, chique. Eu queria ser comum. Porém, será que existe alguém comum? Eu sempre quis o caminho mais fácil. Conquistar sempre foi um obstáculo para mim. Agora, chegou o momento da conquista, de ousar, não dá mais para me esconder. Preciso encontrar o meu lugar no mundo, sem perder a ternura, a criança que existe dentro de mim.
Estou começando a me lembrar dos meus sonhos de menina. Viajar, aprender outras línguas, conhecer pessoas interessantes, voar se possível. Durante anos, fiquei agarrada a sonhos que não eram os meus. Tentei me convencer de que eram os meus, mas não eram. Hoje, quais são os meus reais desejos? Não sei, preciso descobrir.

Paula Fernanda - 25/06/11


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