domingo, 9 de outubro de 2011

Rejeição

           Sofro de uma doença gravíssima: medo da rejeição. Tenho tanto medo de ouvir “não”, de ser repelida, que não arrisco. Fico paralisada, ocorre uma avalanche de emoções dentro de mim. Frio na barriga (este sintoma até que é gostoso...), solidão, desamparo, batimento cardíaco acelerado, pensamento incessante... Às vezes, eu me sinto como um bebê que levou um tombo e não quer mais andar.
            Feridas não cicatrizadas? Quem sabe? Já ouvi muito “não”, costas se viraram para mim, escutei palavras ríspidas, vi olhares desconfiados, preconceituosos... Ainda estou com o coração enfaixado. Mas até quando?
            Minhas emoções e sentimentos estão em desalinho. Acho que construí um inferninho particular. Pensando bem, talvez não seja um inferninho. Quem sabe não estou começando a ver o paraíso, embora de forma nebulosa? O excesso de sentimentos e emoções aponta que ainda há muita vida dentro de mim querendo transbordar.
            Um dia desses, a minha terapeuta me disse:
“– Paula, é como se você não pudesse ser feliz”.
Essa frase não sai da minha cabeça. Será que eu tenho medo de ser feliz? Ou não quero pagar o preço que a felicidade exige?
Eu quero um abraço apertado, uma paixão arrebatadora; almejo um mundo diferente, com novos pensamentos e cores. Mas me sinto tão cansada... Preciso de forças para lutar. Coragem para ouvir “não”, ignorar os olhares preconceituosos, riscar a palavra “melindre” do meu dicionário.
Onde vou encontrar essa força?


Paula Fernanda

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