domingo, 22 de abril de 2012

Despertei

Verão 2012, Rio 50 graus, acordei diferente, um bem-estar me inundou. A rotina era a mesma. A princípio não era para ser um dia especial. Mas, não sei... Levantei de supetão, tomei café sorridente, tomei um banho gostoso e saí de casa feliz. Era isso, feliz. Eu me dei conta de que nunca tinha me sentido tão feliz em toda minha vida.
De repente, me deu vontade de contar pra todo mundo como eu estava me sentindo, sem maiores explicações. Sentei em frente ao computador e digitei, no meu “status”, de uma rede social, algo do tipo: “Cara, estou muito feliz, mesmo sem atender às expectativas da sociedade.” A sociedade não entenderia a razão da minha felicidade. Não acordei em uma mansão, casada com um milionário lindo e dois filhos. Não acordei sem celulites, estrias.
Pelo contrário, estava acostumada com o caos, a confusão afetiva, interna, psicológica. Quem sou eu? O que eu quero? Não gosto do meu trabalho, mas preciso dele. Quero colo. Estou sozinha.
Por que, então, eu acordei tão feliz? Passei o dia pensando nisso e não encontrei resposta. No final da semana, fui pra terapia. Falei para o meu médico: “Anota aí, eu nunca me senti tão feliz.”
Hoje eu sei o que aconteceu. Tive coragem de refazer a minha vida, apesar dos trovões, tempestades, tsunamis. Abandonei a minha antiga profissão, experimentei coisas novas, descobri que tenho talentos que eu desconhecia, ingressei em uma nova faculdade, conheci pessoas interessantes. Finalmente me conheci. Consegui ser eu mesma. Tomei forma, corpo, vida. A minha alma passou a falar. Achei o meu lugar no mundo. Nossa, ufa, que alívio!!! Pensei que esse dia nunca ia acontecer. Sempre tive a sensação de estar deslocada, fora de foco. Agora sei o que quero e não quero, porém posso mudar de ideia. Não tem problema. A vida é dinâmica. Anota aí:
“Mulher solteira, sem filhos, com contas pra pagar, em busca da sua realização profissional, questionadora, indecisa, doida e feliz.”


Paula Fernanda Nazareth
2012


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